Os familiares de José Pessoa de Queiroz e de Henrique Pereira de Lucena, fundador e homenageado do Hospital Barão de Lucena, respectivamente, visitaram, na manhã desta terça-feira (30), a unidade de saúde, que fica no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.
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O encontro histórico entre os dois grupos serviu para revisitar o passado e enaltecer as lembranças de dois homens corajosos que implantaram no Estado uma unidade de saúde capaz de atender, atualmente, até 10 mil pessoas todos os meses.
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Com descontraídas saudações, as duas famílias chegaram ao HBL por volta das 10h e posaram para uma foto oficial, ao lado do busto que homenageia Pessoa de Queiroz.
Logo em seguida, dirigiram-se para um encontro com o corpo de médicos e gestores do hospital, no auditório, onde, também, assistiram a um vídeo que explicava a relação de amizade e admiração entre os dois.
Veja o vídeo reproduzido no encontro
Após o filme, os familiares seguiram para um coffee break com a diretora da unidade, Ana Paula de Lucena, que considerou o momento único e de grande importância para todos que trabalham para o bom funcionamento do HBL.
Ana Paula de Lucena está como diretora do HBL | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco
“O mais importante é que a gente possa ter contato direto com o legado que foi deixado pelo idealizador deste projeto, Barão de Lucena. Acho, inclusive, que isso nos serve de lição, para que saibamos o que desejamos para cada pedaço de chão desse hospital. As dificuldades vão existir sempre, porque a saúde tem necessidades. A gente lida com seres humanos o tempo inteiro”, explicou ela.
A médica pediatra Valéria Bezerra, que revisitou a memória do hospital, em 2008, para criar o vídeo de aniversário de 50 anos (publicado acima), também mostrou satisfação em receber as duas famílias. Além das imagens, ela reuniu resgates no livreto “Memórias do Hospital Barão de Lucena”.
Valéria Bezerra é médica pediatra do HBL | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco
“José Pessoa de Queiroz e o Barão de Lucena são homens ilustres na história pernambucana e brasileira. É um resgate que traz para nós uma força incrível, de pessoas que, lá atrás, desejaram fazer o bem, e até hoje estão presentes aqui, para que sejam exemplo para a sociedade e todos que trabalham aqui, que é uma grande causa. Eu não sei nem dimensionar a importância dessa visita, porque é emocionante. Ao longo dos anos, o HBL se manteve de pé, no desejo de prosseguir na luta e sem desanimar”, pontuou.
Bisneto de José Pessoa de Queiroz, o empresário Fred Pessoa de Queiroz testemunhou da grandeza do bisavô e acredita que está seguindo o legado que ele deixou. Durante a visita, ele relembrou o pioneirismo da unidade de saúde para a época.
O empresário Fred Pessoa de Queiroz | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco
“É um hospital que já nasceu moderno. Foi construído em parceria com as usinas de açúcar do Estado e servia a todos os trabalhadores da indústria sucroalcooleira, sem distinção, de trabalhador rural a operário da indústria. O HBL foi o primeiro hospital do Brasil com oxigênio encanado”, destacou Queiroz.
Esta foi a primeira vez que Henrique José de Lucena, bisneto do Barão de Lucena, visitou o centro de saúde. Ele saiu do Rio de Janeiro para o encontro e se encantou ao conhecer o legado deixado pelo bisavô.
Henrique José Pereira de Lucena é bisneto do Barão de Lucena | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco
“É emocionante. Traz uma lembrança e uma forma de construir a memória do meu bisavô, que veio para o Recife e se destacou na política brasileira e em diversos fatos importantes na história do País. Para mim, é uma honra estar aqui e conhecer mais da memória e do trabalho que o meu bisavô fez, junto ao seu querido amigo e cumpadre, José Pessoa de Queiroz”, comentou.
História do HBL O HBL foi inaugurado em 18 de janeiro de 1958 por José Pessoa de Queiroz, nascido em Umbuzeiro, na Paraíba, que migrou para o Recife, ainda adolescente. Na época de fundação do HBL, José se inspirou nos hospitais batistas americanos que havia conhecido em viagens ao interior.
Inquieto com a falta de atendimento hospitalar para os usineiros, lhe surgiu a ideia de construir um hospital para o atendimento a esses trabalhadores.
Na época, ele foi presidente da Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco. Para ajudar na edificação, sugeriu aos trabalhadores da época que cobrassem uma taxa de CR$1, por cada saca de açúcar vendida.
A instituição foi construída numa área de 100 mil m³, às margens da avenida Caxangá, num terreno doado pelo próprio Pessoa de Queiroz, que fazia parte de um loteamento conhecido pelo nome de “Malemar”.
A pedra fundamental foi colocada em 1948, pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. O hospital reuniu os mais modernos equipamentos encontrados na Alemanha e Suíça.
O nome do Barão de Lucena foi escolhido para intitular o hospital. José Pessoa de Queiroz admirava bastante o homem que foi governador de Pernambuco e ministro da Justiça.
Em 1971, o hospital passou a ter o nome do fundador, que falecera naquele ano, após passar oito anos acamado após um derrame cerebral.
A instituição foi vendida ao Instituto Nacional da Previdência Social (Inamps) por CR$ 22.050.000,00. Uma parte do valor foi usada para quitar a dívida das usinas de açúcar com a previdência social.
Em 1973, a unidade de saúde voltou a homenagear o Barão de Lucena, recebendo o nome dele novamente.