Uma noite em que a nostalgia se uniu à contemporaneidade com shows memoráveis. O palco Pernambuco Meu País desta sexta-feira (2) recebeu o espetáculo de mesmo nome – que a cada semana abre a nova etapa do festival -, Silvério Pessoa, Mundo Livre S/A e Nando Reis com apresentações que reverenciaram canções icônicas da música brasileira e produções de trabalhos mais recentes.
O público de Pesqueira, que ao longo do dia já havia comparecido com entusiasmo às atividades das demais linguagens, encheu a Praça Dom José Lopes para curtir os shows. O espetáculo Pernambuco Meu País abriu as festividades com o mesmo vigor e encantamento de sempre. Mas a apresentação em Pesqueira teve um ar especial! Se estivesse vivo, Naná Vasconcelos teria completado 80 anos neste dia.
Com direção musical de Jam da Silva e direção coreográfica de Maria Paula Costa Rêgo, o espetáculo foi criado especialmente para o festival, exaltando o legado dos homenageados do evento: Naná Vasconcelos e Abelardo da Hora. O show mescla diversos ritmos da cultura popular pernambucana com outras linguagens artísticas como circo, dança e artes cênicas.
Ao fim do show, a diretora de Ações Culturais da Fundarpe, Carla Pereira, subiu ao palco para entregar à viúva e curadora da obra de Naná, Patrícia Vasconcelos, uma placa que marca as celebrações. “Vocês trouxeram Naná para este palco, a alma dele está viva, aqui, nesse espetáculo belíssimo e que faz jus à sua obra”, ressaltou, em um momento de muita emoção com a equipe de músicos e bailarinos.
Em seguida foi a vez da pernambucanidade de Silvério Pessoa tomar conta da praça. O cantor e compositor fez um show enérgico e empolgante, cantando músicas de seus primeiros trabalhos, como “Nas terras da gente”, “Poesia urbana”, “Esta cidade” e faixas que marcaram sua carreira quando ainda era do grupo Cascabulho, como “Vovó Alaide”. Canções de artistas que fazem parte do repertório de Silvério, como Raul Seixas, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, também integraram o show e fizeram o público cantar em uníssono.
O encerramento se deu de forma apoteótica, com a chegada ao palco do poeta de Pesqueira Diosman Avelino e do grupo de Coco Origens de Ororubá, sob a liderança do grande Mestre Pirrila.
Quando Mundo Livre S/A subiu ao palco do Pernambuco Meu País, a Praça Dom José Lopes já estava lotada. Comemorando 30 anos de seu primeiro álbum, “Samba Esquema Noise”, a banda montou um repertório composto em sua maioria por faixas desse disco divisor de águas na música brasileira dos anos 1990. Fred Zero Quatro, vocalista e compositor, saudou a presença de Nando Reis, que ainda estava no camarim, se preparando. Foi o selo dos Titãs, Banguela Records, que produziu o CD em 1994.
“Homero, o junkie”, “Musa da Ilha Grande”, “A bola do jogo” foram cantadas em coro mangueboys e manguegirls de Pesqueira. “Meu esquema” e “Mexe mexe”, outros clássicos da Mundo Livre S/A também fizeram parte do show, entre muitas outras. O legado de Chico Science foi reverenciado por Fred, que lembrou que compôs “Computadores fazem arte” para a Nação Zumbi gravar, antecipando uma das grandes questões do nosso tempo, a Inteligência Artificial.
Encerrando esta primeira noite em Pesqueira do Festival Pernambuco Meu País, Nando Reis entregou ao público o que ele mais queria: um sucessão de hits que atiçou a memória afetiva de todos ali presentes. “Marvin”, “Por onde andei”, “Luz dos olhos”, “Os cegos do castelo” e muitas outras composições que marcaram e continuam marcando gerações de brasileiros foram tocadas com sentimento por Nando e sua banda afinadíssima. A amizade com Cássia Eller foi relembrada em diversos momentos do show, com “O segundo sol”, “Relicário”, “All star” e “ECT”.