Criado pelo saudoso Mestre Salustiano, ícone da cultura popular nordestina, o Encontro Nacional de Cavalo Marinho chega à sua 29ª edição no próximo dia 25 dezembro, como já é tradição. A partir das 18h, na Casa da Rabeca, em Olinda, vários grupos de Cavalo Marinho participam dessa grande festa aberta ao público.
Estão confirmados o estreante Cavalo Marinho Boi Estrela do Recife; o Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda, Cavalo Marinho Boi da Luz de Olinda e Cavalo Marinho Flor de Manjerona de Olinda, além da Família Salustiano e a Rabeca Encantada. O Encontro preserva uma importante manifestação cultural, que são as terreiradas, nas quais brincantes encenam o auto natalino usando músicas, improvisos e coreografias.
A iniciativa conta com apoio da Fundarpe, da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Olinda. Idealizado por Mestre Salustiano, falecido em 2008, o Encontro vem sendo mantido pela família como forma de preservação do legado de Salu, bem como valorização da cultura popular. A programação de final de ano da Casa da Rabeca contará, ainda, com a celebração do Dia de Reis, em 06 de janeiro de 2025, com apresentações culturais gratuitas a partir das 18h.
CAVALO MARINHO – Versão para o boi de terreiro, o brinquedo só existe na Zona da Mata Norte de Pernambuco e na Paraíba. John Patrick Murphy, no livro Cavalo-marinho pernambucano, mostra duas hipóteses para a adoção do nome do folguedo. Ele lembra que em várias versões da brincadeira aparece a frase “Cavalo Marinho dança muito bem”, que, segundo ele, se referiria a um cavalo importado do além-mar, Portugal.
Outra hipótese seria a da adoção do sobrenome de um grande Capitão da Capitania Hereditária da época colonial, na região. A brincadeira é composta por música, dança, poesia, coreografias, loas, toadas e reúne cerca de 76 personagens, todos vestidos com máscaras, fitas, espelhos. Eles estão divididos em três categorias: animais, humanos e fantásticos. Destaques para o Capitão Marinho, Mateus, Bastião, o Soldado da Guarita, Empata Samba, Catirina e Mané do Baile. Os brincantes, geralmente trabalhadores do cultivo de cana fazem apresentações nos engenhos ou sítios, na rua, em festas de santos padroeiros.
Na encenação, o diálogo se alterna com a música, que é o fio condutor de toda a trama, há um vocalista principal e outros de apoio, que são acompanhados pelo “banco”, cujo instrumental é formado por rabeca, pandeiro, bagé, canzá ou reco-reco e ganzá. Os passos são rasteiros, para levantar poeira, intercalados com saltos rápidos, vigorosos. As sambadas varam a noite, pois uma apresentação completa dura em torno de oito horas, sem intervalos.
Serviço:29º Encontro de Cavalo Marinho Quarta-feira, 25/12, às 18h Onde: Casa da Rabeca (Cidade Tabajara – Olinda/PE) Entrada e estacionamento gratuitos Mais informações: (81) 9.9606.0181