Foto: Mannu Magalhães / Divulgação
O Samba de Coco Raízes de Arcoverde está cada vez mais reconhecido e vibrante com a sua cultura popular. Do Sertão de Pernambuco – com a liderança dos mestres Assis Calixto, Patrimônio Vivo de Pernambuco, e Damião Calixto, Patrimônio Vivo de Arcoverde – a nova conquista do grupo autoral é a indicação ao Prêmio da Música Brasileira 2025, sendo a primeira vez que concorre à premiação, realizada anualmente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em sua 32ª edição, a cerimônia acontece nesta quarta-feira (4), às 20h.
No Prêmio da Música Brasileira, o grupo inaugura a categoria “Raízes”, na premiação “Artista”, juntamente com as cantoras e compositoras, a paraibana Elba Ramalho; e as paraenses Dona Onete e Joelma, além do pernambucano Alceu Valença, cantor e compositor.
O Coco Raízes de Arcoverde tem em sua raiz o “trupé”, que é justamente a dança e o ritmo dos pés com tamancos de madeira nos tablados, trazendo uma identidade percussiva e ancestral. As sandálias, inclusive, são feitas pelo mestre Assis Calixto. Vale destacar que Arcoverde é a terra do samba de coco e a categoria “Raízes” é inédita, tanto na premiação “Artista”, indicação do Coco Raízes e demais artistas da lista acima, como em “Lançamento”.
“É uma conquista coletiva e de comprometimento do grupo, principalmente de toda a equipe técnica do Samba de Coco Raízes de Arcoverde. Esse reconhecimento nacional é importante para a nossa continuidade, preservando sempre a memória do mestre Lula Calixto (1942-1999), com fortalecimento, valorização e resistência da cultura negra, indígena e popular de raiz”, comenta o cantor, compositor, músico, arte-educador e artesão Assis Calixto, aos 79 anos.
O cantor, compositor e produtor cultural Damião Calixto, aos 78 anos, também celebra o feito de conquistar a indicação ao prêmio em nível nacional. “A gente avança, coletivamente, enquanto grupo que faz arte popular cantando e contando histórias e também repassando saberes a partir de uma diversidade de vivências. É importante reforçar que o Samba de Coco Raízes de Arcoverde é e sempre foi um conjunto independente com uma identidade da cultura afro e dos povos originários”, acrescenta.
Neste mês de maio, o grupo recebeu oficialmente o certificado de indicação ao 32º Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira, pela categoria “Raízes” (artista). O anúncio oficial da lista com as indicações foi realizado em São Paulo, no último mês de abril, em evento no MASP (Museu de Arte de São Paulo). Foi a primeira vez que houve um encontro para a revelação dos indicados e indicadas, sendo apresentado por Lázaro Ramos, além de marcado por homenagens, apresentações inéditas e lançamento de iniciativas à classe artística.
Também em maio, Assis Calixto e Damião Calixto conquistaram o título de cidadão arcoverdense, pela Câmara Municipal de Arcoverde. Com a presença dos mestres da cultura popular, a entrega do título aconteceu no Centro de Gastronomia de Arcoverde (CGA), no último dia 09.
Trajetória familiar
Desde 1992 compartilhando a arte de sambar coco, o grupo foi formado pelas famílias Calixto, Lopes e Gomes, existindo e espalhando até o hoje o legado de Lula Calixto, irmão de Assis e Damião. Eles cantam e tocam com a família, trazendo na formação Dayane Calixto (dançarina e musicista), Damares Calixto (cantora e musicista), Ilma Calixto (cantora e produtora executiva), Kell Calixto (cantor, dançarino e musicista), Black Calixto (cantor, dançarino e musicista), Iranildo Calixto (dançarino), Danilo Calixto (pandeiro), Françua Gomes (surdo), Douglas Calixto (cantor, dançarino e musicista) e Joana D’arc (cantora e musicista).
“Dentro da própria composição, temos o protagonismo e a potência das mulheres do Sertão, com Damares, Ilma, que a gente chama carinhosamente de Pecon, e Joana D’arc, a mais jovem do grupo”, destaca Dayane, dançarina que está há mais tempo na formação.