Quem reinou nesta primeira noite do País da Música em Buíque foi a poesia. Falada, mas principalmente cantada e musicada. Oitava e última cidade a receber o Festival Pernambuco Meu País, esta porta de entrada ao Sertão ecoou os versos de Ednardo Dali e Agda, dois jovens cantores e compositores pernambucanos que se apresentaram no palco Zuzuada, na Praça Major França.
Se o público parecia ainda tímido quando Ednardo Dali começou seu show, logo o cenário mudou. Cada vez mais gente ia se aprochegando do Zuzuada para curtir a música dançante e envolvente deste artista sertanejo. Nascido e criado em São José do Egito, terra dos poetas, Ednardo faz jus à tradição de sua terra e à sua herança familiar (ele é neto de Manoel Filó) com canções que prezam pela palavra cantada.
Além de faixas autorais, como as de seu EP “Brejeitos”, lançado em 2021, ele cantou também músicas mais recentes, como “Deixa a mata de pé”, um manifesto agroecológico, “Fulô de Manacá”, parceria com sua conterrânea Bia Marinho, e prestou uma homenagem a Cátia de França.
Com a plateia já aquecida e curiosa pela oportunidade ofertada pelo País da Música de conhecer ou ver pela primeira ao vivo novos artistas, foi a vez de Agda fechar a noite. Representante do Agreste, de Santa Cruz do Capibaribe, sua produção artística vai além da música e evidencia um cruzamento entre a poesia e a performance.
Apesar de estar inicialmente sentada em uma cadeira e apenas acompanhada do violonista Juliano Holanda, Agda entregou um show enérgico e dinâmico. Dançou, cantou andando pelo público, convocou uma ciranda e interagiu com as crianças que brincavam em frente ao palco enquanto cantava faixas de seu álbum “agda”.
Nome expoente da nova música pernambucana, ela já carrega parcerias com laira Ferro, Almério, Isaar, Isabela Moraes, Ezter Liu e Lirinha – este último também já tendo composto com Ednardo Dali -, entre outros artistas locais. Para Agda, a beleza de seu show foi poder tocar num lugar mágico, junto ao Vale do Carimbau, que “tem uma energia diferente, uma beleza única.”
Se apresentar em uma praça pública, para uma plateia diversa é, para a cantora, também motivo de celebração. “Eu acredito que tem sido uma necessidade social, urbana. Colocar as pessoas para viver a rua. Todo mundo veste sua melhor roupa interna pra ir se encontrar, temos esse encontro de gerações aqui no mesmo lugar, pessoas de todos os lugares do Estado também. É uma alegria e uma afirmação de que essa política, além de uma necessidade, é uma confirmação de como ela faz bem, que é saúde, dá afeto ao povo e fazer o povo se encontrar, sabe?”, afirmou.
A programação do País da Música continua neste sábado (31) com apresentações de Zé Brown e Café Preto, a partir das 18h30, na Praça Major França.