Grupo Flishimayá Fulni-ô de Águas Belas durante o Festival Pernambuco Meu País, em Buíque – Imagens: Afrorec
Imagens: Afrorec Texto: Isabella Ferreira
Os mais de 50 mil habitantes do município de Buíque receberam nesta sexta-feira (30) os primeiros grupos de cultura popular, com a responsabilidade de abrir o festival na cidade. E para ressaltar as profundas raízes indígenas, as entoadas possuíam diversos porta-vozes carregando suas respectivas histórias e tradições na Praça Major França, em frente ao relógio de Buíque.
Por volta das 14h, o grupo Flishimayá Fulni-ô de Águas Belas pisou pela primeira vez em Buíque, cantando em sua língua materna, o Uiapê, entoadas da tribo Fulni-ô.
“O primeiro cântico que fizemos foi pedindo a Deus para que abençoasse aquele espaço. O segundo, a gente pediu que as crianças respeitem os mais idosos; o terceiro foi uma história sobre como não devemos brigar entre si, e por aí em diante”, afirmou o líder do grupo, Six.
Não foi só a primeira vez do grupo se apresentando. Alunos da Escola Municipal Antônio Yoyo, de Buíque, viram pela primeira vez a apresentação de um grupo de cultura popular indígena.
“Eu gostei de tudo, mas o que eu mais gostei foi deles dançando, porque eu nunca tinha visto antes como era”, disse Victória, aluna do 5º ano da instituição, de 10 anos. Muitos de seus colegas demonstraram não só o mesmo interesse, como a mesma resposta: nunca haviam presenciado uma apresentação como aquela ou até mesmo ouvido a língua materna Fulni-ô.
“Estar aqui representa uma força, por eu estar mostrando o que é meu. Mesmo pessoas de tão perto, talvez nem conheçam a fundo a história. E eu estou passando, estou levando a história por onde eu passo. Estar aqui é resistência”, completou Six.
Grupo Flishimayá Fulni-ô de Águas Belas durante o Festival Pernambuco Meu País, em Buíque – Imagens: Afrorec
Do coco das raízes indígenas para o coco de trupé do grupo Coco Fulô do Barro, de Arcoverde, foi apenas um pulo. Em uma mistura de músicas mais populares e das tradicionais, o coco de roda do Fulô do Barro parou muitos alunos que transitavam da volta para casa para prestigiar a performance.
Assim que o relógio bateu 16h, a Praça Major França mudou das histórias de raízes indígenas para as tradições dos brinquedos que vieram do trabalho no corte de cana. O Cavalo Marinho Boi da Luz, formado pelo descendente de Mestre Salustiano, Patrimônio Vivo de Pernambuco, Dinda Salu, estreou o som da rabeca para quem passava perto do Palco Zuzuada, completando o primeiro dia do Palco das Culturas Populares em Buíque.
Grupo Flishimayá Fulni-ô de Águas Belas durante o Festival Pernambuco Meu País, em Buíque – Imagens: Afrorec.