Foto: divulgação
Documentário “O Mestre e o Divino” está na programação do sábado e do domingo
A programação especial do Abril Indígena do Cinema São Luiz chega aos últimos dias, porém o espaço cultural continuará com a proposta de colocar na tela produções de audiovisual realizadas no Brasil por cineastas indígenas, ou em coautoria, assim como por meio de obras dirigidas por não-indígenas que abordam eventos significativos para o debate estético e político, durante todo o ano de forma perene.
A programação se inicia no sábado (26/04), às 15h, com a sessão gratuita do documentário “O Mestre e o Divino”, que tem classificação livre, e debate após o filme com o diretor Tiago Campos. Em seguida, às 17h30, será exibido o drama “A Transformação de Canuto”, dos diretores Ariel Kuaray e Ernesto de Carvalho, com classificação de 12 anos e ingressos por R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Já no domingo (27/04) a programação começa mais cedo, às 11h, com a faixa infantil “Cinema para a Criança”, que exibirá a animação Bia Desenha, do diretor Neco Tabosa, em sessão gratuita para os pequenos e para todas as demais pessoas. Em seguida, o público terá a segunda oportunidade de assistir aos filmes “A Transformação de Canuto” e “O Mestre e o Divino”, às 15h e às 17h30, respectivamente, com ingressos por R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).
O documentário “O Mestre e o Divino” coloca em cena o embate entre Adalbert Heide, um missionário alemão que viveu entre os Xavante, e Divino Tserewahú, jovem cineasta indígena, com mediação do diretor Tiago Campos. O filme mistura humor e crítica para explorar memórias, registros imagéticos diversos e perspectivas divergentes sobre a vida na missão salesiana de Sangradouro (MT). Entre cumplicidade e confronto, o longa revela os bastidores da catequização indígena e expõe os choques culturais entre colonizadores e povos originários. Falado em português, xavante e alemão, foi premiado no Festival de Brasília de 2013 como melhor filme, melhor montagem e melhor trilha sonora e exibido em diversos festivais nacionais e internacionais.
Poster do filme “A Transformação de Canuto”
O longa “A Transformação de Canuto”, dirigido por Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, utiliza um engenhoso dispositivo narrativo para explorar um acontecimento. Em uma comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que muitos anos atrás sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Apesar do filme ser feito para contar a sua história, abre-se o campo para a fabulação. Ao encenar a busca por quem na aldeia deveria interpretar o seu papel, o filme mistura o real com a ficção em uma experiência ao mesmo tempo sensorial e profundamente reveladora da história política do país na dimensão territorial. A invenção estética e narrativa confere ao filme uma aura de que o filme é um acontecimento em si, que tem a força para transformar as vidas e personagens da comunidade onde é realizado. A narrativa é conduzida por meio de uma abordagem sensível e poética, que mistura elementos da tradição oral com a linguagem cinematográfica contemporânea. A direção de Ariel e Ernesto é marcada pela imersão no território, permitindo que a comunidade participe ativamente da construção da história.
A Transformação de Canuto foi amplamente reconhecido em festivais internacionais. No IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), conquistou os prêmios de Melhor Filme e Contribuição Artística na competição Envision, destacando-se como a primeira produção brasileira a vencer na categoria. Além disso, no 52º Festival de Cinema de Gramado, o filme recebeu o Kikito de Melhor Longa Gaúcho, além de prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Ator, consolidando-se como uma das produções mais premiadas do ano.
“O filme ‘A Transformação de Canuto’ não apenas narra uma história envolvente, mas também proporciona uma janela para a rica cultura Mbyá-Guarani, oferecendo ao público uma experiência sensorial e reflexiva sobre identidade, tradição e transformação”, destaca o programador do Cinema São Luiz, Pedro Severien.
Imagem: reprodução
A Animação “Bia Desenha” está na faixa “Cinema para a Criança”, no domingo, com acesso gratuito a todas as pessoas
No domingo (27), a sessão “Cinema para a Criança” traz um clássico recente do cinema pernambucano, a série de animação Bia Desenha, dirigida por Neco Tabosa e escrita junto com Kalor Pacheco. São 13 episódios de 7 minutos que serão projetados em sequência, dando a ver toda a sensibilidade, criatividade e representação autêntica da infância periférica. Ambientada na Região Metropolitana do Recife, a trama acompanha os primos Bia (5 anos) e Raul (6 anos), que moram em casas vizinhas e compartilham um quintal como espaço de brincadeiras e desenhos. A série explora temas como amizade, imaginação e afetividade, abordando questões do cotidiano infantil com leveza e poesia. A narrativa é construída por meio de desenhos, bilhetes e mensagens eletrônicas, estimulando a comunicação e a expressão artística das crianças.
“Um dos aspectos mais marcantes de Bia Desenha é a representatividade presente na tela. Com personagens negros e periféricos, a série mostra uma família não convencional e relações afetivas baseadas no amor e no respeito. Bia Desenha é uma série que vai além do entretenimento infantil, oferecendo uma janela para o mundo das crianças da periferia, suas imaginações e seus sentimentos. Com uma narrativa sensível e personagens cativantes, a série é uma celebração da infância e da arte como formas de expressão e resistência”, ressalta Pedro Severien.
Confira a programação do Cinema São Luiz deste fim de semana:
Sábado (26/04/25)
15h – O mestre e o Divino (Classificação Livre) – Gratuita
Documentário / 2013 / 85 min / Brasil / Livre
Direção: Tiago Campos
Sinopse: dois cineastas retratam a vida na aldeia e na missão de Sangradouro, Mato Grosso: Adalbert Heide, um excêntrico missionário alemão, que, logo após o contato com os indígenas, em 1957, começa a filmar com sua câmera Super-8, e Divino Tserewahú, jovem cineasta Xavante, que produz filmes para a televisão e festivais de cinema desde os anos 90. Entre cumplicidade, competição, ironia e emoção, eles dão vida a seus registros históricos, revelando bastidores bem peculiares da catequização indígena no Brasil.
17h30 – A transformação de Canuto (Classificação 12 anos) – Inteira e meia-entrada (R$ 10 e R$ 5)
Drama / 2023 / 130 min / Brasil / 12 anos
Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
Sinopse: em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que muitos anos atrás sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Por que isso aconteceu com ele? Mas, mais importante, quem na aldeia deveria interpretar o seu papel?
Domingo (27/04/25)
Sessão Cinema para a Criança
11h – Bia Desenha (Classificação Livre) – Gratuita
Animação / 2018 / 91 min / PE / Livre
Sinopse: Bia, 5 anos, e Raul, 6 anos, são primos. Os dois moram em casas ao redor do mesmo quintal, na periferia de uma grande cidade. Seus encontros depois da escola para brincar e desenhar se transformam sempre em grandes aventuras. A série estimula a comunicação e o afeto em uma família pouco convencional, investigando os temas que passam pela cabeça das crianças enquanto elas se expressam com letras, traços e cores.
15h – A transformação de Canuto (Classificação 12 anos) – Inteira e meia-entrada (R$ 10 e R$ 5)
17h30 – O mestre e o Divino (Classificação Livre) – Gratuita