A Praça Major França, localizada no Centro de Buíque, foi palco de um dia de programação intensa, diversa e repleta de trocas e energia, que celebrou a oralidade e o encantamento do universo infantil. O local concentra desta sexta (1º) até domingo (3) os países das Brincadeiras, Culturas Populares, Música, Artes Visuais e Conexões Urbanas do Festival Pernambuco Meu País (PEMP). Com atividades e apresentações para todos os públicos, a praça reuniu um grande público ao longo da tarde e noite deste primeiro dia do PEMP em Buíque
A cordelista e mediadora de leitura Érica Montenegro abriu os trabalhos na lona do País das Brincadeiras com a contação “Nessa mala tem história: o cordel para crianças ganha o mundo”, levando o público mirim a viajar por narrativas rimadas, exaltando a herança nordestina da literatura de cordel e a imaginação sem fronteiras. Em seguida, a trupe paulista Circo do Asfalto apresentou o espetáculo “Show da Percha”, mesclando acrobacias e muitos momentos cômicos com a delicadeza da técnica circense da percha chinesa, ainda pouco explorada no Brasil. A sequência ficou por conta do espetáculo “Respeitável Público”, que manteve o clima de ludicidade e encantamento.
No País das Artes Visuais, a tarde foi de provocações sensoriais com a intervenção urbana das artistas visuais Carolina Noemia e Tabi. Cada uma de um lado de uma grande tela instalada a céu aberto, criando ao vivo com grafitagem e tintas, estimuladas pela curiosidade dos transeuntes. “A ideia é trazer essa tela realmente gigante para o meio da praça, paralela às outras atividades do festival, para que também o público possa ter acesso a essas obras de arte. Artes sendo produzidas, é um live painting e grande mural que vai ficar aqui na cidade. É uma atividade bem aberta realmente, acontece na rua e o público pode ajudar as artistas. Vai acontecer até domingo, a partir do meio-dia até às sete da noite”, explicou o coordenador de Artes Visuais, Mekson Dias.
Já País das Conexões Urbanas ocupou a Praça Major França com o frescor de duas criações cênicas contemporâneas. “Plataforma Beira”, apresentado às 16h, propôs um jogo coreográfico entre corpos e territórios, ativando os limites da cena e da cidade. Logo depois, “Tempo Temporão” deu continuidade à ocupação da praça com uma dramaturgia que entrelaça temporalidades e memórias afetivas, apostando em uma estética fragmentada, porém profundamente conectada ao cotidiano das grandes metrópoles.
Enquanto isso, as tradições populares brilharam no País das Culturas Populares, em uma sequência de apresentações encantadoras e potentes. A Quadrilha Matuta Raio de Luz abriu a programação com seu forró pé de serra, seguida pelo grupo de matrizes africanas Obá Aiye, que trouxe à cena cantos, danças e símbolos das religiões de matriz africana. O mestre rabequeiro Alberone emocionou o público com sua musicalidade espontânea e vigorosa, em um repertório que reverencia a tradição da rabeca pernambucana.
Ao entardecer, o País da Música apresentou ao público de Buíque o grupo Edún Ará Sangô, que reverberou os tambores dos orixás, num espetáculo vibrante de percussão e dança afro-brasileira. E encerrando a noite com frescor e presença, a cantora Maeve, uma das vozes promissoras da nova cena pernambucana, apresentou seu repertório autoral com letras que falam de liberdade, potência feminina e territórios afetivos.