Valéria Rey Soto, amorí amorim, Carol Chaves, Fefa Lins, Maria Eduarda Belém e Yuri Bruskcy
Texto: Valentine HeroldFotos: Eduardo Cunha
De que matérias são feitos os sonhos, as paisagens sonoras e visuais que nos rodeiam, as mudanças físicas que marcam nossas vidas? Para amorí amorim, Yuri Bruscky, Valéria Rey Soto e Fefa Lins de tinta, tela, nanquim, câmeras e pincéis. Os quatro artistas pernambucanos inauguraram na noite desta quinta (5) suas exposições individuais dentro da segunda edição do Observa da Torre Malakoff, equipamento cultural gerido pelo Governo do Estado através da Fundarpe.
A mostra, que fica em cartaz até o dia 28 de fevereiro de 2025, tem como propósito fomentar a cena contemporânea das artes visuais em Pernambuco. Nesta segunda edição quatro visões de mundo de artistas com histórias de vida distintas foram selecionadas através do edital 002/2024. Para a gestora da Torre Malakoff, Carol Chaves, as exposições se conectam mesmo com sua características específicas tão peculiares.
“Os trabalhos desses quatro artistas incríveis acabam tendo relações. Temas que se conectam de forma única. A mostra está maravilhosa, gostaria de convidar a todos para venham conferir o Observa, é uma oportunidade de mergulhar no universo de quatro nomes da atual produção da arte pernambucana”, ressalta a gestora.
A mostra Observa 02 está ocupando o primeiro andar da Torre. De um lado os visitantes vão encontrar “à medida que as estrelas colapsam”, de amorí de souza amorim, e “Um plano de Corte”, de Fefa Lins. E do outro “Heterotopia: A Escuta em Situação”, de Yuri Bruscky, e “Rondó”, de Valeria Rey Soto.
à medida que as estrelas colapsam
“à medida que as estrelas colapsam” é a primeira exposição individual de amorí, jovem artista do município de Ribeirão. Com 29 anos, amorí divide de forma generosa e pulsante o resultado de anos de pesquisa e prática artística de quem passou a infância na Zona Rural, cultivando uma relação estreita com a terra, o céu e o sonhar. As obras de amorí são uma investigação ficcional sobre a origem de matérias físicas.
Logo na sala ao lado, Fefa Lins revisita os diversos significados – literais e figurativos – de um plano de corte. Formado em arquitetura, ele leva para a exposição intervenções de pintura feitas em fragmentos de imóveis do Centro do Recife e pinturas autobiográficas. “Plano de corte na arquitetura é quando você corta um edifício e projeta ele em desenho pra ver o que que tem dentro dele. Eu acho que é uma forma de você olhar o que tem dentro das coisas e também a partir disso você pode projetar demolições, mudanças, construções. Então eu trago essa ideia muito associada ao meu corpo, que é um corpo transgênero e a essas possibilidades de se transformar”, explica o artista.
Um Plano de Corte
O Centro da capital pernambucana também se faz presente nas obras de Yuri Bruscky. Em “Heterotopia: A Escuta em Situação” os ruídos urbanos ganham protagonismo através da peça principal da exposição: uma cadeira de massagem que passou por uma alteração no seu circuito para que todas as características que dão a forma de som fossem incorporadas aos padrões de vibração. Assim, os visitantes “escutam” o frege da cidade através de uma massagem nada óbvia enquanto assistem imagens numa tela.
É também sobre paisagens sonoras a mostra de Valéria Rey Soto. Mas umas bem diferentes, que estão mais perto da natureza. Artista espanhola radicada no Recife, ela traduziu em cores e motivos florais nada óbvios sons musicais. “ Com Rondó estou expondo aqui essa série de desenhos em aquarela, guache e nanquim e uma pintura em acrílico. Faço uma relação com a música com elementos de forma e cores como se fossem notas musicais”, ressalta.
Uma mostra imperdível, que reúne o frescor de jovens nomes da pintura, escultura e instalação de Pernambuco. Observa 2 é uma oportunidade para questionar convenções sociais, se deixara adentrar nos universos particulares de quatro artistas generosos e refletir sobre nossas próprias experiências a partir das provocações feita através das obras.
Heterotopia: A Escuta em Situação
Rondó