Forúm debateu a força feminina na poesia do Pajeú no País da Literatura

Do rio Pajeú corre muito mais do que água doce. Quem ali se banha desde pequeno parece ganhar força também nas palavras e nos versos. As cidades do Sertão do Pajeú, em Pernambuco, são conhecidas Brasil afora por serem terra de muitos glosadores. Triunfo, onde chegou nesta sexta-feira (16) o Festival Pernambuco Meu País é uma delas. Não por acaso aconteceu nesta manhã, no polo País da Literatura, o Fórum de Mercado em Arte e Cultura com o debate “Literatura popular: a poesia viva do Pajeú”, com a poetisas Thaynnara Queiroz; Milene Augusto, Luna Vitrolira e a produtora cultural Taciana Enes.

A plateia estava formado majoritariamente por alunos do ensino fundamental de uma escola da área rural de Triunfo e muitos delas estavam tendo seus primeiros contatos com um evento deste tipo. Atentas e interessadas, acompanharam ao longo da manhã os versos declamados pelas poetas. Um momento único promovido pelo festival em que a formação de leitores e de público de poesia estava acontecendo de forma natural.

Em sua fala de abertura, a mediadora Luna Vitrolira teceu um contexto histórico e social da região e da origem da poesia falada. “Temos 17 cidades aqui do Pajeú que carregam essa força da poesia, da literatura de cordel, da cantoria de viola. Tem gente do mundo todo que vem pra cá pra saber o que tem de tão especial, de tão rico. Essa poesia falada vem de muito tempo, ainda das tradições indígenas dos povos originários que já habitavam a região antes de tudo e de todos. Os povos xucurus e suas maracas que deram origem à força da nossa oralidade”, pontuou a poeta.

A conversa também permeou por temas como processos criativos e os desafios de ser uma mulher poeta no meio cultural. Milene e Thaynnara trouxeram um pouco de suas histórias e trajetórias e falaram sobre o que significa ser poeta, a partir da pergunta de uma das estudantes. “Ser poeta é tirar de onde não tem e botar onde não sabe”.

Taciana Enes também trouxe uma perspectiva interessante ao falar sobre a atuação dos produtores na cadeia da literatura e, mais especificamente, da poesia. Ela explicou às crianças no que consiste a função de produtora e como é seu dia a dia.

Quem também estava na plateia era Jéssica Caitano, multiartista e poeta de Triunfo, conhecida pelo seu trabalho na banda Radiola Serra Alta. Ao fim do fórum, ela aceitou o convite de dar uma palinha e declamou um poema sobre identidade sertaneja. “Vibrando a cada nascente do sol que irradia/ e a vida do sertanejo combina com a poesia.”