Salgueiro recebe peça da ganhadora do Prêmio Ariano Suassuna no País das Artes Cênicas

Texto: Isabella Ferreira Imagens: Simon Filmes

Ancestralidade não significa, necessariamente, manter tudo do mesmo jeito que era há um século. E foi isso que a ganhadora do Prêmio Ariano Suassuna de Dramaturgia (2024) trouxe na noite deste sábado (26) para o palco do País das Artes Cênicas, em Salgueiro, por meio de sua obra vencedora, Ybirá e as Sementes de Algaroba.

Aretha Luna, ou Artemiza, ao se inspirar na sabedoria popular das rezadeiras e parteiras sertanejas, ofereceu ao público de Salgueiro — especialmente ao feminino — um agradecimento e uma reflexão sobre como a vida é, e deve ser vista, como um substantivo feminino.

“É um texto que nasce da inquietação em colocar nossos algozes em segundo plano e jogar luz sobre todos os galhos de potência infinita que há numa mulher”, comentou a dramaturga.

Mais cedo, no mesmo dia, o cearense Kleber Cândido apresentou uma proposta diferente, desta vez voltada para um questionamento que começou ainda na infância, durante as festividades tradicionais do Encontro das Lapinhas: “Por que só as mulheres dançam e os homens não?”

“Eu já era uma criança LGBT — a gente já nasce assim. Aqui em Recife, as lapinhas estão inseridas no Pastoril, só que lá em Juazeiro do Norte existe o Encontro das Lapinhas, e eu — desde os meus 7, 8 anos — via as lapinhas passando de porta em porta e ficava encantado”, afirmou Kleber.

A festividade o fez ingressar no meio cultural, especialmente sobre os palcos — lugar onde busca oferecer a outras crianças a oportunidade de renascerem, numa simbologia muito ligada à queima da lapinha.

“Danço há mais de 30 anos. E é sobre o sonho de ser, é sobre a gente se descobrir. Acho que a referência é muito importante. Eu vivi um contexto na minha infância, mas amadureci, cresci — e cresço com os meus mestres. Então, eu vou ser referência para outras pessoas”, completou.